quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
VIDA
É seiva em movimento
É botão que desabrocha
É folha nova que rebenta
É um borbotão de alegria
É primavera a florir!
A vida é tudo
É sangue a correr nas veias
É coração a bater
É um manancial de movimentos
Correr, saltar,
São ideias a surgir
Novas, belas,
Paixões inexplicáveis
Vertiginosas
Indomáveis!
Quando o outono chega
A vida é seiva adormecida
É folha caida
Que o vento leva!
Ao findar da estação
A vida é fruta madura!
E quando a seiva pára
O tronco mirra
A vida é falida
E assim acaba!…
TERRA MÃE
Terra sagrada
Terra por Deus abençoada
Jardim de puro amor
Idilio de maravilhas,
Formoso canteiro
De primorosas flores,
Que o teu jardineiro
Tomado de admiração
Com tanto amor e carinho
Teu humus fecundou
E do teu âmago brotaram
Perfumados cravos e rosas
Que tua coroa embelesam
E são a tua glória.
Terra Mãe és história!
Teus descendentes
Sempre em Deus crentes
Novas sementes
Vão, mundo fora, espalhando
Outros jardins fecundando
E novas flores vão florindo.
Terra Mãe,
Estes teus novos rebentos
Crescendo olham o céu
Como que te procurando
E no seu lacrimejar
Qual orvalho matutino
Suplicam ao Divino
Que lá bem alto guarde
Com todo o celestial cuidado
A sua semente primeira
Bem como oTeu Jardineiro
Que, com amor cultivou,
O teu humus fecundo.
Terra Mãe,
Terra Sagrada,
Terra que jaz Além,
És tu Minha Mãe!!!
RECORDANDO.
Cheia de pobreza dissimulada
Porque a vergonha acumulada
Tarda em sair-me da lembraça.
Horas amargas e dolorosas
Que tardavam em passar!
Meu corpo treme só ao lembrar
As noites frias e chuvosas.
Agora, que os anos passaram,
Ao recordar minha infância
Duas lágrimas na face rolaram.
Nunca esqueci minha pobreza
Nem corri atrás da ganância
Fiz da humildade minha nobreza!
SER NOBRE
Qual cavaleiro elegante
Preparado para a luta!
Estuda e torna-se sábio,
Conquista fama,
Atinge o grau da nobreza.
Não conseguindo conquistar tudo,
Torna-se vaidoso e à sua volta
Nasce o ódio, a inveja.
Pouco a pouco perde a nobreza,
Isola-se, fica só
Maquinando traição!
Julgando ter o mundo a seus pés,
Cheio de vaidade e prosápia,
Esquece-se do irmão pobre
Que nasceu como ele.
Mas que tem a humildade
De ser humano,
Despido de preconceitos de vaidade,
Alegre com a sua pobreza,
Trabalhando, lutando,
Sempre com a esperança
De tambem vir a ser
Nobre!!!
PORTO PIM
Nunca sais do meu pensar
E sempre hei-de recordar
Teu Porto Pim que amo tanto.
A água limpida e pura
Daquele recanto cheio de beleza
Tem por sua guarda a fortaleza
E na Guia, da Virgem, a formosura.
Um dia sua fina areia pisei
E meu corpo em sua água mergulhei
E senti minh' alma rejuvenescer!
Estou longe! Se lá não mais voltar
E de novo em su' água mergulhar
Porto Pim! Nunca te irei esquecer!.
O TEMPO PASSOU
E por ele me deixei lever
Esquecendo-me que o tempo
Estava por mim a passar.
Quanto mais alto voava
Minha ânsia se esvanecia
Esquecido que o tempo s' escoava
Por entre sonhos de fantasia.
Grande foi minha emoção
Quando um dia despertei
E vi qu' o tempo tinha passado!
Agora, só me resta a desilusão
De tudo quanto sonhei,
Sem nada ter ralisado!
O QUE VEJO
Enforecidos por tempestades ciclónicas
Que tudo destroiem
E ao abismo levam!
Vejo continents e ilhas
Engolfados em guerras tenebrosas
Vejo bonecos humanos
Em garridas fardas encapuçados,
Empunhando armas
Que tudo matam e arrasam!
Vejo povos despresados
Mal nutridos, espesinhados!
Vejo outeiros ressequidos
Mal cuidados.
Vejo florestas ardidas
Dizimadas
Vejo terras ferteis
E planices não aradas
Nem sementeiras semeadas!
Vejo gentes famintas,
Esfarrapadas,
Na berma das estradas,
Abandonadas!
Vejo a mniha prole despresada,
E tão mal governada!
Vejo a minha gente,
Empobrecida,,
Faminta, esbandalhada !.
Por isso minha alma sofrida chora
Lágrimas no intimo sufocadas,
Porque se sente triste
E não pode fazer nada
Para voltar a ver sorrir
Uma nova alvorada!
MOCIDADE
Que um dia por mim passou
E ela cheia de vaidade
Foi-se embora e não voltou.
Às vezes chamo por ela
Nas horas de maior amargura
E no meu devaneio vou à janela
Como se fosse à sua procura
Espero por ela em vão
Como quem espera por alguém
Que tarda em regressar
A mocidade é como o furacão
Por onde passa tudo muda
E não mais torna a voltar
MIRATECA
Sitio da ilha Montanha
Não existe outro igual
E de beleza tamanha.
Mirateca alegre e gabarola
Teu nome tem sua historia
Mira-Teca, simbiose espanhola,
Nunca me sais da memória.
Tua alegria tamanha
Em dias de estival
Tornavam tua ilha Montanha
Num majestoso festival.
Agora, de ti longe e triste,
Só me resta o recordar…
Mas o desejo em mim existe
De novo a ti regressar.
MEUS AMORES
Qual deles o mais perfeito
Dois netinhos dois primores
Que guardo dentro do peito.
Matthew, nome do primeiro
Que, do mundo, viu a luz.
Pequenito, mas inteiro,
Divina obra de Jesus.
Teresa bela, airosa,
Imaculada linda flor
Foi segunda, mui formosa
Simbiose de puro amor.
Meus netos,minha adoração
Flores de jardim odoroso
Enobrecem meu coração
Tornando o muito vaidoso!
MEU PAI
Da sua cara metade,
Na luta pelo bem e verdade
Eras de todos o primeiro.
Humilde e sempre bem disposto
Estavas pronto para ajudar
E a fome a outro irmão mitigar
Sem nunca desviar teu rosto.
Eras tão bom e generoso
A caridade sempre praticando
Sem nada pedires em troca
Não eras rico mas eras nobre
Tiravas da tua boca
Para ajudar o mais pobre.
LISBOA
E teu luar,
E tuas noites de beleza
Que me arrebatam a sonhar,
Sonhar,voar,
Em sonho vão, mas de leveza!
Eu adoro tudo o que há em ti
Ỏ minha Lisboa feiticeira
Abrindo teus braços maternos
A toda a gente estrangeira!
Tuas Colinas airosas
Debruçadas sobre o Tejo
Admiram tuas canoas
Navegando ao sabor do vento
Enquanto as gaivotas,
Nas velas roçando as asas,
As vao saudando
Com gritos de alegria
Eu adoro tua magia
Minha princesa do Tejo!
Eu te adoro assim
Nas manhãs cálidas e nevoeiras
Escondida em ténues mantos de neblina
Para depois nos sorrires
Mais bela!
Mais Linda!
GAIVOTA
Andas sempre a cirandar
Em vôo rasante ou altaneira
Mostrando teu suave voar.
Lá do alto firmamento
Não deixas de procurar
Comida para teu sustento
Ou algo para brincar.
Numa manha serena e bela
Quando a mare era cheia
Encantaste uma donzela
Que se bronzeava na area
Tanto brincaste com as chinelas
Deixando a donzela enternesida
E pela tua graca comovida
Nao mais voi a praia sem elas
DESILUSÃO !
Que se confundem com o sibilar do vento
Mas que se avizinham
Mais e mais em cadência grave,
Soturna, em direcção
À minha porta fechada
Nas aldrabas da solidão.
Mais se avizinham os passos
Maior é a incerteza
Que dentro de mim se implantou
Se, esse ser, talvez feito em farrapos,
Talvez elegantemente adornado,
Parará junto da minha porta,
Aferrolhada, isolada,
Mas que a todo o transe
Espera por alguém!
Será esse ser, esfarrapado,
Regelado pela invernia,
Cujos passos soturnos,
Calcando a lama e a podridão
De toda a escomalha que rodeia
A minha porta, que eu espero?!
Batem à porta!
Fico estático junto ao fogão
Coberto de pó que a criada
Não limpou.
Esse ser mesquinho que deambula
Por todo o lado, de espenejador na mão,
Mas incapaz de realisar algo
Digno de qualquer assomo de louvor
Da minha parte!
Assim fico, por longo espaço de tempo,
Quedo e mudo,
Cogitando apenas nas minhas locobrações,
Olhando a cinza daquele velho fogão,
Gasto pelo tempo,
Pensando no que a criada
Poderia ter feito e não fez!
Batem à porta!
Aquele bater leve, incerto,
Não conseguiu despertar
A minha consciência do sonho
Quase profundo em que se afundara
No abismo do pensamento!
Assim permaneci a sonhar acordado
Sem conseguir arredar pé daquele calor
Que o velho fogão emanava
E dirigir-me à porta e abri-la!
Batem à porta!
Três pancadas fortes
De mão leve mas segura!
Batem à porta!
Essa porta a minha porta,
Fica fechada, aferrolhada,
Insencivel ao chamamento,
Ao eco da realidade premente
Que tenta despertar o meu EU,
Adormecido pelo torpor
Das vicissitudes da vida,
Encerrado no egoismo da solidão!
Esta porta fechada,
Aferrolhada, desiludida,
Que se nega a aceitar
O chamamento do Amor…
É este meu pobre Coração!!!
CAIS SEGURO
Mar Salgado!
Quão distante vais ficando
E tanto me fazes chorar!
Porque não te tornas doce
E te vais aproximando
Para com tua doçura
Minhas saudades adoçar!
Mar salgado!
Mar salgado!
Prateado de luar
Em noites de lua cheia
Leva-me em tuas ondas
Qual gaivota adormecida
Pelo teu suave embalar!
Mar salgado!
Mar salgado!
Nunca te canses de rolar
Na crista da tua onda
Rola meu barco sem rumo
Não o deixes naufragar
Porque se naufrago fico
Então é que jamais
Atracarei ao cais
Seguro do meu Pico!
NOITE FRIA
Tudo ao redor…era tristeza
Que vinha inundar minha alma
Diminuindo sua nobreza.
O vento nem sequer mexia
Só quietude! Solidão!
Tristonho um sino plangia
Semelhando meu coração!
Mansamente a neve caía
Branqueando o liso chão
Qual lençol branco se estendia.
Também na mesma irmandade
Palpitava meu coração
Cheio de eternal saudade.
AMOR DE FILHO
Desde que,minha Mãe, Deus levou
Mas tantas saudades ficaram
Porque o amor de filho não findou.
Um grande amor como o meu
Só termina na Eternidade
E um dia que eu suba ao céu
Na terra ficará a saudade.
Tento lá ir todos os dias
Num voar constante céus além
Deambulando entre campas frias
Até à campa de minha Mãe.
Em desabafo triste, saudoso
Tento aliviar a tristeza
Dos dias que passo pesaroso
Sem a minha Mãe,minha riqueza!
ADEUS
Vou partir!
Chegou o momento da despedida!
Coração alegre,
E saudade imensa,
Por todos vós,
Que por cá fica!
É forçoso dizer adeus!
Um outro ideal por mim chama!
A minha nova Pátria
Não é portuguesa,
Mas, vivendo nela,
Será a mesma…!
Braços abertos,
Coração em chama!
Sigo o meu rumo
Com passos certos,
Cabeça erguida,
Os olhos nele fitos!
Não! Não olho mais!
Levo apenas a nostalgia
Por todos Vós,
Que ainda cá …ficais!