quinta-feira, 21 de maio de 2009

MULHER MAE

Mulher Mãe amorosa
Que Deus no mundo colocou
Perfumada, a mais bela rosa
Que na terra desabrochou.

Tua fragrância delicada
Feita de amor e ternura
Brota da tua alma tão pura
Qual essência mistificada

Sem o teu ssim,nada seriamos
Sem o teu sim não nasceriamos
Só tu sabes conjugar
O verbo sim de amar.

Teu amor é tão profundo
Que a toda a terra se estende
E só não o compreende
Quem nunca o teve neste mundo

Hoje teu nome é celebrado
Aqui na terra e no Além
Porque tu querida Mãe
És meu puro amor sagrado!

sexta-feira, 27 de março de 2009

A RAPOSA E O GALO

Empoleirado sobre uma arvore
Cantava o galo sua matinal trova
Quando ouviu uma estranha nova
Da sua esperta e sagaz comadre

Compadre! Diz a raposa toda afoita
Nova lei acabam de publicar
P”la qual as guerras mandam acabar
Entre os animais da mata e da moita.

Desça compadre, pede a manhosa,
Venha daí, vamos celebrar,
Um grande abraço lhe quero dar,
Pois esta terra agora é só nossa.

Ouvindo o galo tão estranho pedido
Tentou primeiro se informar,
Quem tal lei mandara publicar
Pois seu nome nunca fora ouvido.

A raposa muito perturbada
Ainda com maior vigor lhe pedia
Pensando que o galo desceria
Caindo na sua astuta cilada.

Então diz-lhe o galo de repente:
Vejo galgos correndo em desgarrada
E caçadores de arma aperrada
Vindo das bandas do oriente!

Quando ouviu aquela informação
A raposa gritou: só faltava essa!
Deitando-se a fugir a toda a pressa
Por entre as ervas, cosidinha ao chão

Na sua rouca voz gritava
O galo, para a comadre atrevida,
Mostra-m:essa lei de todos sabida!
Mas ele mais corria e não parava.

terça-feira, 24 de março de 2009

O COELHO BRANCO

Na aldeia onde eu nasci havia uma familia que possuia uma grande propriedade onde,além duma bela casa, muito bem cuidada, criavam animais que faziam parte
do consumo annual da sua alimentação e entre eles a criação de coelhos era muito
importante.
Um dia o pai dessa familia chamou por mim e qual não foi o meu espanto quando
ele me ofereceu um coelhinho muito branco. Delirante de alegria corri para casa com
o meu coelho nos braços ansioso para chegar e pedir ao meu pai para fazer uma casa
de madeira para criá-lo.Meu pai, comovido pela minha alegria, deitou mãos à obra,
porque ele era carpinteiro de profissão, não levando muito tempo para que a nova casa
do meu coelho ficasse construida.
No mundo não havia nada que tanto valor tivesse para mim como aquele coelho.Todo
o tempo que me restava, depois de voltar da escola e cumprir com os afazeres que me
eram destinados, era passado junto da casinhola a tartar dele.
Como ele era por mim muito bem cuidado cresceu rapidamente a ponto de me sentir
orgulhoso de ter um coelho grande e muito mansinho a ponto de convidar os meus amigos e amigas de escola a virem vê-lo e brincar com ele. Na propriedade onde estava
situada a nossa casa, além de um terreno cultivado de vinha, havia uma horta onde o
meu pai cultivava hortaliças e legumes todo o ano. Era nela que eu, tirando o coelho da
sua casota, o soltava para ele se alimentar livremente. Assim ele foi-se habituando àquela
maneira de se alimentar correndo na horta como e quando queria sem nunca de lá fugir
ou causar quaisquer problemas quando chegava à hora de regressar à sua coelheira.
Passaram-se semanas e meses naquele são conviver entre mim e o coelho de quem eu
mais-gostava dia após dia..Como tudo na vida não é só alegria e felicidade a tristeza e
alguns dissabores também fazem parte do dia a dia da nossa existência.
Para confirmar esta realidade um certo dia, ao regressar da escola, notei que a porta da
coelheira estava aberta e o meu coelho branco não se encontrva lá dentro. Corri a horta
de lés a lés à sua procura pensando que alguém, talvez minha mãe, o tivesse solto para
ele ir comer
Como não o encontrei corri para casa a perguntar à minha mãe se ela tinha solto o coelho
ou se alguém o teria levado porque a coelheira estava aberta e já o tinha procurado
percorrendo a horta toda sem o encontrar.Minha mãe comovida com a minha ansiedade
e tristeza chamou-me para junto de si e encostando a minha cabeça ao seu peito tentou
consolar-me com palavras camufladas por um certo desconforto dizendo que Deus tinha
criado os animais para servirem o ser humano cada um da sua maneira, servindo uns para dar alegria e ajudar os homens nos seus trabalhos, outros protegiam os seus donos e a maior parte deles, além dos serviços..que prestavam, serviam para alimento, com a sua carne,a qual era usada em diferentes guisados conforme o seu paladar e entre os animais
que eram usados como alimento, encontravam-se os coelhos.
Quando minha mãe mencionou o nome de coelho as lágrimas brotaram dos meus olhos
como rios em catadupa porque foi naquele preciso momento que eu compreendi que o
meu coelho já não estava vivo e que iria server de manjar para toda a familia.
Grande foi minha dor e tristeza que sempre chorei, mesmo até no dia seguinte, quando todos se encontravam sentados à mesa saboreando o meu coelho, eu continuava a chorar
e sem coragem ou apetite para comer o meu coelhinho branco de quem eu tanto gostava.

UMA BORBOLETA

Eu ia amiúde para casa de minha avó onde passava uma grande parte do dia sentado num pequeno muro de pedra que alí existia e que muitas vezes servia como assento de descanso para minha avó, admirando uma borboleta, fascinado pelas suas cores e pelo
seu saltitante vaivém de flor em flor,beijando uma poisando noutra até que,adevinhando
estar na hora de partir, lá ia ela à procura do seu ninho para pernoitar até ao raiar de novo dia. Aquela borboleta toda matizada das mais lindas e variadas cores muito gostava das
flores que minha avó cultivava no jardim em redor da sua casa,e eu pensava que ela
sentia uma especial atracção por aquelas flores porque todas as primaveras, quando elas
começavam a desabrochar, lá vinha a borboleta, que eu chamava matizada.passar os seus
dias no meio delas..
Assim que o sol, brilhando no alto firmamento, irradiava sobre a terra o seu calor a
borboleta voltava ao seu jardim predilecto, onde eu já a esperava ansiosamente,
sentado no mesmo muro, para admirar enlevado as lindas cores das suas asas.Passava
horas ali sentado, com os olhos fixos naquela borboleta e talvez por essa razão a minha
avó,viuva de meu avô António, sendo por isso conhecida por tia Antonica,cultivava
sempre as mesmas qualidades de flores para que a borboleta voltasse todos os anos ao
seu jardim. Eram malmequeres, jasmins, amor-perfeitos, dálias e outras mais que aquela
velhinha, de quem eu tanto gostava, tinha o gosto e o prazer de cultivar sendo o seu melhor passatempo as horas que despendia cuidando das suas flores.
A minha avó sentia-se muito lisonjeada quando alguém, ao passar, lhe dizia, lindas flores
tem a tia Antonica , que rico perfume elas exalam e como gosta delas aquela borboleta
tão linda!
BORBOLETA

O matiz da tua cor
Com que nasces enfeitada
Quem te o dá é a flor
Quando por ti é beijada

As tuas cores são belas
De muitos tons variadas
Lembram lindas aguarelas
Em ricas telas pintadas

Borboleta meu encanto
Não me deixes ficar só
Sentado neste recanto
Do jardim de minha Avó

Fica comigo, vem cá,
Poisa aqui na minha mão
Não te vás embora tão já
Olha que me entristece o coração

segunda-feira, 9 de março de 2009

O MENINO DO SEU PAI

Nasceste sorrindo
E o teu sorriso quase divino
Era alegria
Que inundava o coração
E me tornava feliz
Quando choramingavas
Tomava-te nos braços
E aconchegando-te a mim
O teu choro parava
E teus lábios se abriam
Naquele sorriso encantador
Que transbordava felicidade
Porque tu eras
O menino do seu Pai !
Foste crescendo
A tua sabedoria e bondade
Fizeram de mim,
Um Pai orgolhoso
Do seu menino!
Um dia,já homem,
Resolveste edificar o teu ninho.
Quando tal aconteceu
Grande foi nossa alegria
E felicidade!
Mas,um certo dia,
O teu sorriso se esvaneceu,
Ficaste triste,
A tua alegria contagiante
Emudeceu
Porque o menino de seu Pai
Adoeceu..
Qual raio fulminante,
A doença tomou conta do teu ser,
O sofrimento e a dor
Não mais te deixaram sorrir,
Até que um dia,
Já num leito deitado,
Sem te poderes mexer,
Exausto de forças para lutar,
Suspiraste dando o ultimo ai!
Em pé, ao teu lado,
As lágrimas nas faces rolando
Fitando o teu rosto pálido
Impotente por nada poder fazer,
Compreendi,
Que, naquele preciso momento,
Já sem alento,
Tinha falecido,
O menino de seu Pai!

CRIANCA

Cheia de fome e frio
Vai uma criança para a escola
No ombro carrega a sacola,
Levando o velho livro,com brio.

Pés descalços, doloridos
Pelas agruras do caminho
Caminhando vai, sozinho,
Derramando lágrimas e gemidos.

Não lhe podem dar mais
Porque parcos são os ganhos
E da pequena eira os amanhos
Dos pobres queridos pais.

À tarde, quando a casa regressa,
Nos braços da mãe se aconchega
Que amor e carinho não lhe nega
Enquanto,na lareira,o caldo apressa.

A sopa de todos os dias
Também chamada dos pobres,
Mas que vai à mesa dos nobres,
Embora com mais iguarias.

Quando a noite fria cai
A pobre criança o leito procura
Mas nunca sem uma ternura
E a benção da mãe e do pai

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

VIDA

A vida
É seiva em movimento
É botão que desabrocha
É folha nova que rebenta
É um borbotão de alegria
É primavera a florir!
A vida é tudo
É sangue a correr nas veias
É coração a bater
É um manancial de movimentos
Correr, saltar,
São ideias a surgir
Novas, belas,
Paixões inexplicáveis
Vertiginosas
Indomáveis!
Quando o outono chega
A vida é seiva adormecida
É folha caida
Que o vento leva!
Ao findar da estação
A vida é fruta madura!
E quando a seiva pára
O tronco mirra
A vida é falida
E assim acaba!…

TERRA MÃE

Terra Mãe
Terra sagrada
Terra por Deus abençoada
Jardim de puro amor
Idilio de maravilhas,
Formoso canteiro
De primorosas flores,
Que o teu jardineiro
Tomado de admiração
Com tanto amor e carinho
Teu humus fecundou
E do teu âmago brotaram
Perfumados cravos e rosas
Que tua coroa embelesam
E são a tua glória.
Terra Mãe és história!
Teus descendentes
Sempre em Deus crentes
Novas sementes
Vão, mundo fora, espalhando
Outros jardins fecundando
E novas flores vão florindo.
Terra Mãe,
Estes teus novos rebentos
Crescendo olham o céu
Como que te procurando
E no seu lacrimejar
Qual orvalho matutino
Suplicam ao Divino
Que lá bem alto guarde
Com todo o celestial cuidado
A sua semente primeira
Bem como oTeu Jardineiro
Que, com amor cultivou,
O teu humus fecundo.
Terra Mãe,
Terra Sagrada,
Terra que jaz Além,
És tu Minha Mãe!!!

RECORDANDO.

Triste minha vida de criança
Cheia de pobreza dissimulada
Porque a vergonha acumulada
Tarda em sair-me da lembraça.

Horas amargas e dolorosas
Que tardavam em passar!
Meu corpo treme só ao lembrar
As noites frias e chuvosas.

Agora, que os anos passaram,
Ao recordar minha infância
Duas lágrimas na face rolaram.

Nunca esqueci minha pobreza
Nem corri atrás da ganância
Fiz da humildade minha nobreza!

SER NOBRE

Nasce o homem
Qual cavaleiro elegante
Preparado para a luta!
Estuda e torna-se sábio,
Conquista fama,
Atinge o grau da nobreza.
Não conseguindo conquistar tudo,
Torna-se vaidoso e à sua volta
Nasce o ódio, a inveja.
Pouco a pouco perde a nobreza,
Isola-se, fica só
Maquinando traição!
Julgando ter o mundo a seus pés,
Cheio de vaidade e prosápia,
Esquece-se do irmão pobre
Que nasceu como ele.
Mas que tem a humildade
De ser humano,
Despido de preconceitos de vaidade,
Alegre com a sua pobreza,
Trabalhando, lutando,
Sempre com a esperança
De tambem vir a ser
Nobre!!!

PORTO PIM

Horta jardim de encanto
Nunca sais do meu pensar
E sempre hei-de recordar
Teu Porto Pim que amo tanto.

A água limpida e pura
Daquele recanto cheio de beleza
Tem por sua guarda a fortaleza
E na Guia, da Virgem, a formosura.

Um dia sua fina areia pisei
E meu corpo em sua água mergulhei
E senti minh' alma rejuvenescer!

Estou longe! Se lá não mais voltar
E de novo em su' água mergulhar
Porto Pim! Nunca te irei esquecer!.

O TEMPO PASSOU

Abri minhas asas ao vento
E por ele me deixei lever
Esquecendo-me que o tempo
Estava por mim a passar.

Quanto mais alto voava
Minha ânsia se esvanecia
Esquecido que o tempo s' escoava
Por entre sonhos de fantasia.

Grande foi minha emoção
Quando um dia despertei
E vi qu' o tempo tinha passado!

Agora, só me resta a desilusão
De tudo quanto sonhei,
Sem nada ter ralisado!

O QUE VEJO

Vejo oceanos e mares
Enforecidos por tempestades ciclónicas
Que tudo destroiem
E ao abismo levam!
Vejo continents e ilhas
Engolfados em guerras tenebrosas
Vejo bonecos humanos
Em garridas fardas encapuçados,
Empunhando armas
Que tudo matam e arrasam!
Vejo povos despresados
Mal nutridos, espesinhados!
Vejo outeiros ressequidos
Mal cuidados.
Vejo florestas ardidas
Dizimadas
Vejo terras ferteis
E planices não aradas
Nem sementeiras semeadas!
Vejo gentes famintas,
Esfarrapadas,
Na berma das estradas,
Abandonadas!
Vejo a mniha prole despresada,
E tão mal governada!
Vejo a minha gente,
Empobrecida,,
Faminta, esbandalhada !.
Por isso minha alma sofrida chora
Lágrimas no intimo sufocadas,
Porque se sente triste
E não pode fazer nada
Para voltar a ver sorrir
Uma nova alvorada!

MOCIDADE

Disse adeus ầ mocidade
Que um dia por mim passou
E ela cheia de vaidade
Foi-se embora e não voltou.

Às vezes chamo por ela
Nas horas de maior amargura
E no meu devaneio vou à janela
Como se fosse à sua procura

Espero por ela em vão
Como quem espera por alguém
Que tarda em regressar

A mocidade é como o furacão
Por onde passa tudo muda
E não mais torna a voltar

MIRATECA

Mirateca meu berço natal
Sitio da ilha Montanha
Não existe outro igual
E de beleza tamanha.

Mirateca alegre e gabarola
Teu nome tem sua historia
Mira-Teca, simbiose espanhola,
Nunca me sais da memória.

Tua alegria tamanha
Em dias de estival
Tornavam tua ilha Montanha
Num majestoso festival.

Agora, de ti longe e triste,
Só me resta o recordar…
Mas o desejo em mim existe
De novo a ti regressar.

MEUS AMORES

Eu tenho dois amores
Qual deles o mais perfeito
Dois netinhos dois primores
Que guardo dentro do peito.

Matthew, nome do primeiro
Que, do mundo, viu a luz.
Pequenito, mas inteiro,
Divina obra de Jesus.

Teresa bela, airosa,
Imaculada linda flor
Foi segunda, mui formosa
Simbiose de puro amor.

Meus netos,minha adoração
Flores de jardim odoroso
Enobrecem meu coração
Tornando o muito vaidoso!

MEU PAI

Amigo e fiel companheiro
Da sua cara metade,
Na luta pelo bem e verdade
Eras de todos o primeiro.

Humilde e sempre bem disposto
Estavas pronto para ajudar
E a fome a outro irmão mitigar
Sem nunca desviar teu rosto.

Eras tão bom e generoso
A caridade sempre praticando
Sem nada pedires em troca

Não eras rico mas eras nobre
Tiravas da tua boca
Para ajudar o mais pobre.

LISBOA

Eu adoro teu firmamento
E teu luar,
E tuas noites de beleza
Que me arrebatam a sonhar,
Sonhar,voar,
Em sonho vão, mas de leveza!

Eu adoro tudo o que há em ti
Ỏ minha Lisboa feiticeira
Abrindo teus braços maternos
A toda a gente estrangeira!
Tuas Colinas airosas
Debruçadas sobre o Tejo
Admiram tuas canoas
Navegando ao sabor do vento
Enquanto as gaivotas,
Nas velas roçando as asas,
As vao saudando
Com gritos de alegria
Eu adoro tua magia
Minha princesa do Tejo!

Eu te adoro assim
Nas manhãs cálidas e nevoeiras
Escondida em ténues mantos de neblina
Para depois nos sorrires
Mais bela!
Mais Linda!

GAIVOTA

Gaivota, ave matreira,
Andas sempre a cirandar
Em vôo rasante ou altaneira
Mostrando teu suave voar.

Lá do alto firmamento
Não deixas de procurar
Comida para teu sustento
Ou algo para brincar.

Numa manha serena e bela
Quando a mare era cheia
Encantaste uma donzela
Que se bronzeava na area

Tanto brincaste com as chinelas
Deixando a donzela enternesida
E pela tua graca comovida
Nao mais voi a praia sem elas

DESILUSÃO !

Ouço passos incertos na noite
Que se confundem com o sibilar do vento
Mas que se avizinham
Mais e mais em cadência grave,
Soturna, em direcção
À minha porta fechada
Nas aldrabas da solidão.
Mais se avizinham os passos
Maior é a incerteza
Que dentro de mim se implantou
Se, esse ser, talvez feito em farrapos,
Talvez elegantemente adornado,
Parará junto da minha porta,
Aferrolhada, isolada,
Mas que a todo o transe
Espera por alguém!
Será esse ser, esfarrapado,
Regelado pela invernia,
Cujos passos soturnos,
Calcando a lama e a podridão
De toda a escomalha que rodeia
A minha porta, que eu espero?!
Batem à porta!
Fico estático junto ao fogão
Coberto de pó que a criada
Não limpou.
Esse ser mesquinho que deambula
Por todo o lado, de espenejador na mão,
Mas incapaz de realisar algo
Digno de qualquer assomo de louvor
Da minha parte!
Assim fico, por longo espaço de tempo,
Quedo e mudo,
Cogitando apenas nas minhas locobrações,
Olhando a cinza daquele velho fogão,
Gasto pelo tempo,
Pensando no que a criada
Poderia ter feito e não fez!
Batem à porta!
Aquele bater leve, incerto,
Não conseguiu despertar
A minha consciência do sonho
Quase profundo em que se afundara
No abismo do pensamento!
Assim permaneci a sonhar acordado
Sem conseguir arredar pé daquele calor
Que o velho fogão emanava
E dirigir-me à porta e abri-la!
Batem à porta!
Três pancadas fortes
De mão leve mas segura!
Batem à porta!
Essa porta a minha porta,
Fica fechada, aferrolhada,
Insencivel ao chamamento,
Ao eco da realidade premente
Que tenta despertar o meu EU,
Adormecido pelo torpor
Das vicissitudes da vida,
Encerrado no egoismo da solidão!
Esta porta fechada,
Aferrolhada, desiludida,
Que se nega a aceitar
O chamamento do Amor…
É este meu pobre Coração!!!

CAIS SEGURO

Mar salgado!
Mar Salgado!
Quão distante vais ficando
E tanto me fazes chorar!
Porque não te tornas doce
E te vais aproximando
Para com tua doçura
Minhas saudades adoçar!
Mar salgado!
Mar salgado!
Prateado de luar
Em noites de lua cheia
Leva-me em tuas ondas
Qual gaivota adormecida
Pelo teu suave embalar!
Mar salgado!
Mar salgado!
Nunca te canses de rolar
Na crista da tua onda
Rola meu barco sem rumo
Não o deixes naufragar
Porque se naufrago fico
Então é que jamais
Atracarei ao cais
Seguro do meu Pico!

NOITE FRIA

Noite fria,silenciosa e calma
Tudo ao redor…era tristeza
Que vinha inundar minha alma
Diminuindo sua nobreza.

O vento nem sequer mexia
Só quietude! Solidão!
Tristonho um sino plangia
Semelhando meu coração!

Mansamente a neve caía
Branqueando o liso chão
Qual lençol branco se estendia.

Também na mesma irmandade
Palpitava meu coração
Cheio de eternal saudade.

AMOR DE FILHO

Muitos são os anos que passaram
Desde que,minha Mãe, Deus levou
Mas tantas saudades ficaram
Porque o amor de filho não findou.

Um grande amor como o meu
Só termina na Eternidade
E um dia que eu suba ao céu
Na terra ficará a saudade.

Tento lá ir todos os dias
Num voar constante céus além
Deambulando entre campas frias
Até à campa de minha Mãe.

Em desabafo triste, saudoso
Tento aliviar a tristeza
Dos dias que passo pesaroso
Sem a minha Mãe,minha riqueza!

ADEUS

Vou partir!

Chegou o momento da despedida!

Coração alegre,

E saudade imensa,

Por todos vós,

Malta amiga,

Que por cá fica!

É forçoso dizer adeus!

Um outro ideal por mim chama!

A minha nova Pátria

Não é portuguesa,

Mas, vivendo nela,

Será a mesma…!

Braços abertos,

Coração em chama!

Sigo o meu rumo

Com passos certos,

Cabeça erguida,

Os olhos nele fitos!

Para trás?!

Não! Não olho mais!

Levo apenas a nostalgia

Por todos Vós,

Que ainda cá …ficais!